Em um final de tarde, uma menina com seis anos de idade, que estava em processo terapêutico, entrou em meu consultório com um saco de pipocas nas mãos. Aproximou-se da caixa de areia e dispôs algumas pipocas dentro dela, compondo uma cena. Assim, a menina conferiu à pipoca o status de miniatura e motivou este estudo, que tem o objetivo de alcançar uma compreensão simbólica sobre a pipoca.
Para elaborar este trabalho, foi utilizado o método da circum-ambulação, proposto por Jung, que consiste em promover associações de modo que a consciência circule em torno de um ponto específico, com o objetivo de ampliar a compreensão. Por meio das imagens, segundo o postulado teórico junguiano, estabelece-se a comunicação entre o inconsciente e a consciência. No entanto, sejam essas imagens oníricas ou fruto de expressão artístico-cultural, tal comunicação não ocorre de modo literal, mas sim, metafórico. Assim, iremos apresentar diversas informações a respeito da pipoca, com a intenção de promover ampliações simbólicas, por meio de analogias traçadas a partir da história, da ciência e da mitologia.
Origem, história e características
O grão de milho que é convertido em pipoca deriva da espécie zeamaiz inverta, originária da América Latina. Solos bem drenados e clima quente ou ameno são propícios para o seu cultivo.
Ao serem aquecidos de maneira rápida, em temperatura superior à 150 graus centígrados, a umidade existente dentro dos grãos se converte em vapor. A pressão do vapor rompe a casca externa e transforma a parte interna em uma massa de amido e fibra de tamanho maior que o do grão original.
A denominação da pipoca é diversa, mas em vários idiomas parece conter menção ao barulho do estouro. Em inglês, popcorn, refere-se ao milho que estoura. Em português, a palavra pipoca é derivada das palavras pira (pele) e pok (estouro) do idioma indígena tupi.
Smith (2001) desenvolveu extensa pesquisa a respeito da pipoca e de sua origem. Cita documentos históricos que relatam sua presença em tigelas ao lado de corpos mumificados, em sítios arqueológicos chilenos e peruanos. A tribo asteca Tlalocs usava a pipoca em oferendas ao deus dos seres aquáticos, Opochtli, o que denota que ela era associada ao sagrado em tempos remotos.
Quanto ao preparo, Smith (2001) aponta que os nativos das Américas do Sul e Central colocavam a espiga de milho sobre o fogo para estourar pipoca ou ferviam os grãos dentro de um recipiente com gordura ou xarope, que era colocado sobre o fogo. Em sua pesquisa, cita o relato de Benjamin Franklin, com data de 1785, que afirma que os índios norte-americanos estouravam grãos de milho misturados com areia muito quente dentro de um pote de ferro. Outras fontes que abordam a pipoca de maneira generalista, como o website do HistoryChannel e o livro de Woodside (1980), citam que também os índios iroqueses preparavam pipoca utilizando areia: colocavam sobre a fogueira um recipiente com areia e grãos de milho. Desse modo, o encontro da areia com a pipoca acontecia em comunidades indígenas desde tempos remotos, uma vez que a areia era uma das bases para a conversão do milho em pipoca.
Conhecimento contemporâneo
Algumas áreas da ciência, como as que estudam impactos ambientais, têm usado a pipoca em estudos. O potencial de limpeza da pipoca foi abordado por Fayed (2000), que a utilizou em um método de descontaminação de fluxos de resíduo, deixando a pipoca em contato com a água por tempo suficiente (em imersão ou filtragem) para remover uma quantidade substancial de agentes contaminantes presentes em pesticidas e solventes benzenóis. O método obteve sucesso na redução de diversos agentes ambientalmente persistentes na água. Desse modo, a pipoca pode ser considerada como um agente descontaminador e purificador.
Outra área do conhecimento que estuda a pipoca é a nutrição. A pipoca apresenta alta concentração de polifenóis, fibras e antioxidantes. Uma pesquisa conduzida por Vinson (University of Scranton, 2012) identificou que, devido à baixa quantidade de água na pipoca (4%), a concentração de antioxidantes encontrada em uma porção de pipoca é de 300 mg por porção, quase o dobro da taxa encontrada em frutas e vegetais. A pipoca é considerada um alimento funcional ou nutracêutico, pois, além de cumprir a função básica da nutrição, produz efeitos fisiológicos e metabólicos benéficos à saúde.
Narrativas míticas
A síntese do mito de criação que será mencionado na sequência foi fornecida oralmente à Wonderlay (2004) por Lydia Doxtater, nativa da tribo Oneida, que foi praticamente dizimada durante o período de colonização dos EUA.
Uma mulher perversa odiava muito uma jovem garota, pura e virgem. A mulher jogou a garota num buraco que caiu no nosso mundo. A sua avó veio para o nosso mundo morar com ela. Um dia a garota teve dois gêmeos e um deles era espírito bom e o outro, espírito mau. Quando nasceram, o irmão ruim logo matou a sua mãe. A avó cuidou dos dois, mas o irmão ruim cortou a avó em dois e a jogou alto no céu e uma parte fez a lua e, a outra, fez o sol. O irmão ruim pegou todos os animais e os escondeu, e não deixou nenhum para seu irmão bom, que por sua vez estava faminto. Mas, como cada pessoa tem um espírito protetor, a fada madrinha do irmão bom estava cuidando dele. Ela o encontrou na floresta, entregou as pipocas e o instruiu a mostrá-las para o irmão ruim, mas só poderia permitir que o irmão ruim pegasse se ele soltasse todos os animais. E assim o irmão bom pôde se alimentar dos animais.
No mito acima descrito, percebe-se a presença da díade polarizada entre o bem e o mal retratadanos personagens dos irmãos gêmeos, com o intuito de explicar a bondade e a maldade existente no mundo. Com a finalidade de aplacar a fome do irmão bom e manter a bondade viva no mundo dos homens, surge uma fada-madrinha que fornece instruções para que o irmão bom sobreviva.
O grande desafio é fazer com que o irmão ruim liberte todos os animais do mundo, que estavam sob seu domínio. Para tanto, a pipoca entra em cena como alimento divino, que é usada para barganhar e manipular o irmão ruim. Foi usada como um meio de troca.A pipoca teve papel preponderante para soltar os animais, acabar com a fome do irmão bom e, consequentemente, manter a bondade viva no mundo dos homens.
Em termos mais amplos, pode-se pensar que os animais e toda sua dimensão instintiva só estabeleciam contato com o irmão ruim, com a maldade, com o lado sombrio da existência humana. No conto, a pipoca exerce um papel que faz com que a bondade entre em contato com a instintividade animal e a assimile, pois o irmão bom só sobrevive na medida em que se alimenta da carne animal. A pipoca, como alimento, não asseguraria sua existência. A bondade se integra e se alia à força animal e ao instinto, por meio da ação de uma entidade feminina cuidadora e maternal. A pipoca funcionou como um meio intermediário, que permitiu a assimilação e integração pelo irmão bom do instinto, que estava sob domínio da sombra, o que assegurou a existência da bondade no mundo. É possível inferir que, no mito, a pipoca exerce o papel de intermediação e de transformação e, em termos psicológicos, pode representar a função transcendente.
Também é possível supor que, diante da condição primitiva de egoísmo extremo (o domínio exclusivo por parte do irmão mau, que mantinha todos os animais confinados sob sua tutela), a pipoca teve a função de mediação, que propiciou o ato da troca entre os irmãos. Assim, parece que a pipoca funcionou como um instrumento a serviço da civilidade, na medida em que trouxe algum refinamento para um contexto selvagem. A troca implica a negociação com o outro e permite que ambas as partes obtenham aquilo que desejam, ainda que parcialmente. Essa situação faz com que o ego saia da posição exclusiva de autocentramento e passe a olhar e considerar o desejo do outro. Dessa maneira, é possível considerar que esse mito de criação apresenta conteúdos que tentam promover um rito civilizatório.
A pipoca também está presente nos mitos do povo ioruba, segundo maior grupo étnico da África Ocidental. Escravizado por séculos, foi levado pelos colonizadores europeus para o continente americano. Sua fé é constituída pela crença nos orixás, deuses que receberam a incumbência de criar e governar o mundo. Prandi (2012) ressalta que cada orixá é responsável por certas dimensões da vida em sociedade e da condição humana.
A pipoca está presente nos mitos de Obaluaê, também conhecido como Omulu e Jeholu, orixá da díade doença-cura, senhor das pestes, da varíola, das doenças infecciosas. Prandi apresenta diversas versões do mito. Duas delas serão apresentadas a seguir.
Obaluaê desobedece à mãe e é castigado
Obaluaê era um menino muito desobediente. Um dia, ele estava brincando perto de um lindo jardim repleto de pequenas flores brancas. […] Obaluaê desobedeceu à sua mãe e pisou as flores de propósito. Ela não disse nada, mas quando Obaluaê deu-se conta, estava ficando com o corpo todo coberto por pequeninas flores brancas, que foram se transformando em pústulas, bolhas horríveis. […] Gritava pedindo à sua mãe que o livrasse daquela peste, a varíola. A mãe de Obaluaê lhe disse que aquilo acontecera como castigo, porque ele havia sido desobediente, mas ela iria ajudá-lo. Ela pegou um punhado de pipocas e jogou no corpo dele e, como que por encanto, as feridas foram desaparecendo. Obaluaê saiu do jardim tão bom como quando havia entrado. (Prandi, 2001, p 204)
Obaluaê tem suas feridas transformadas em pipoca
Obaluaê viu que estava acontecendo uma festa com a presença de todos os orixás, mas não podia entrar na festa devido à sua medonha aparência. Então ficou espreitando a festa do terreiro. Ogum, ao perceber a angústia do orixá, cobriu-o com uma roupa de palha que ocultava sua cabeça e convidou-o a entrar […]. Apesar de envergonhado, Obaluaê entrou, mas ninguém se aproximava dele. Iansã tudo acompanhava com o rabo do olho […] e dele se compadeceu. Iansã chegou então bem perto dele e soprou suas roupas de mariô. Nesse momento de encanto e ventania, as feridas de Obaluaê pularam para o alto, transformadas em chuva de pipocas, que se espalharam brancas pelo barracão. Obaluaê, o deus das doenças, transformou-se num jovem belo e encantador (Prandi, 2001, p. 206).
Em ambas as versões do mito, a cura das feridas está diretamente associada à pipoca. Na primeira versão, a peste é removida do corpo de Obaluaê por meio da atuação de uma força feminina (representada pela mãe) somada ao poder curativo da pipoca. Na segunda versão apresentada, Iansã, cujo nome pode ser traduzido do ioruba como “mãe do entardecer”, emite um sopro divino que transforma as feridas em pipocas. Assim, de acordo com o material mítico, a pipoca é, ao mesmo tempo, agente de cura da ferida e a própria ferida transformada em alimento.
Nota-se que, nos mitos, a ferida desaparece pela ação do alimento ou se transforma em alimento. A ideia de a pipoca ser um alimento que promove ações curativas e purificadoras permeia as narrativas mitológicas iorubas.
Outro elemento importante e essencial na conversão do milho em pipoca é o calor, originalmente só produzido pelo fogo. O grão de milho seco não seria palatável caso não fosse estourado.
O simbolismo do fogo é explorado por Varner (2009), que menciona crenças advindas das tradições cristã, assíria e apache, as quais atribuem ao fogo o poder de destruir a feitiçaria e os fantasmas. Havia a crença de que toda a feitiçaria só seria destruída quando se ouvisse uma espécie de estouro barulhento, promovido pela combustão do fogo.
O fogo também aparece na mitologia greco-romana, associado Héstia, deusa invocada nos ritos de passagem. Brandão (2007) afirma que ela era representada pelo lume do fogo e nunca de maneira personificada, o que nos leva a pensar no fogo como um elemento sagrado, uma vez que ritos eram feitos em nome de Héstia e ao redor do fogo, em nascimentos, casamentos e funerais.
Edinger (2006), ao se debruçar sobre o tema da alquimia, apresenta uma compilação sobre as perspectivas simbólicas do fogo extraídas do repertório mítico de diversas religiões e traça um paralelo entre o fogo e a sexualidade, associando-o diretamente à libido. O autor também aponta que esse elemento também aparece sob a roupagem da raiva, poder e da punição eterna. Pode ser purgador, pois purifica e colabora na remissão dos pecados. E, finalmente, o fogo em seu aspecto divino, na medida em que representa as energias que transcendem o ego.
A transformação do grão de milho seco e duro em massa branca e fofa, leva-nos a traçar um paralelo com a calcinatio, operação alquímica cujo fogo é o elemento central. Esse elemento foi amplamente explorado por Jung (1951/1994), ao estudar o simbolismo alquímico, utilizado por ele para compreender os conteúdos da psique. Por meio de um olhar metafórico, Jung (1951/1994) estabeleceu paralelos entre as sete operações alquímicas básicas – calcinatio, solutio, coagulatio, sublimatio, mortificatio, separatio e coniunctio – tanto com o processo de individuação como com o processo de psicoterapia profunda.
A respeito da operação da calcinação que promove a albedo, o embranquecimento, Edinger (2006) discorre que o intenso aquecimento de um sólido para retirar dele a água e todos os elementos passíveis de volatização tem a finalidade de obter a substância pura e essencial. Assim, o fogo é o elemento que, ao separaras substâncias voláteis, promove uma espécie de depuração.
Diante das ideias acima apresentadas, é possível apontar que o fogo representa, de modo simbólico, uma força propulsora que promove combustão, combustão essa que pode aquecer, destruir, transcender ou purificar, dependendo da sua intensidade, colocando-o como um elemento presente no espectro que transita entra as polaridades do profano e do sagrado.
Discussão
Na tentativa de alçar o simbolismo da pipoca, uma espécie de jam session foi composta por meio das sonoridades da história, da ciência, da alquimia, do mito e da metáfora.
O grão de milho, em vez de seguir seu curso natural e ser semeado, explode em pipoca, virando-se do avesso. A pipoca nasce contra o grão. O milho, ao converter-se em pipoca, sofre uma inversão que expõe o interior que até então estava contido, oferecendo uma perspectiva absolutamente diferente da anterior. O elemento necessário para que o avesso seja exposto é o fogo, em sua qualidade de transmutação e transformação. Simbolicamente, é como uma parte da nossa personalidade que diante do calor intenso dos humores, da emoção ou do sofrimento virasse do avesso, transformando o interior denso em matéria leve e sutil.
Quando citamos a ideia do avesso, referimo-nos a dois conceitos: sombra e complexo. Stein(2005) define sombra como partes da personalidade que normalmente pertenceriam ao ego se estivessem integradas, mas que se tornam sombrias, pois foram suprimidas por dissonância cognitiva ou emocional. Desse modo, a sombra se constituí como a parte não harmônica da personalidade, que carrega conteúdos dissonantes que são reprimidos pela consciência do ego. É o outro diferente que está em mim mesmo.
Já o complexo é definido por Jung (1934/1991) como um conglomerado que apresenta um grau relativamente elevado de autonomia. Esse conglomerado inconsciente consiste em um conjunto de imagens que apresentam uma raiz arquetípica comum. Esse conjunto é dotado de uma quantidade notável de energia psíquica que, por vezes, supera a energia das intenções conscientes. Pode-se dizer que o complexo é um conglomerado autônomo, que consome e aprisiona a energia psíquica.Stein (2005) ressalta que é a emoção que une os elementos associados a um complexo. Desse modo, os dois componentes fundamentais de um complexo são a matriz arquetípica e a carga afetiva.
Uma possível leitura do fogo leva a considerá-lo como metáfora para os afetos. Dessa maneira, ao traçar paralelo entre o fogo e os afetos, é possível inferir que a existência de afetos intensos é condição necessária no processo de transformação do complexo em possibilidade criativa.
Os complexos são vivenciados como ciclos repetitivos e, comumente, são encarados como sina, vício, maldição, possessão ou fantasmas. A ideia de que se está aprisionado a algum mal é intrínseca à noção de complexo, uma vez que ele leva à repetição de comportamentos. Para que o conglomerado do complexo comece a ser desaglutinado, o indivíduo precisa reconhecê-lo. Em outras palavras, é preciso admitir a existência de um aspecto sombrio e indesejado em si, que escapa ao arbítrio do ego. Dessa maneira, os complexos começam a ser iluminados e se tornam passíveis de serem assimilados pela consciência. Ocorre, então, uma transformação, na medida em que grande parte da energia psíquica, que até então estava comprometida no ciclo vicioso e repetitivo do complexo, pode ser liberada, e consequentemente o fluxo energético pode ser redirecionado. Assim, configura-se um estado psíquico propício à criatividade.
A mítica ioruba menciona a transformação da ferida em alimento. Se considerarmos o complexo uma ferida psíquica, é possível imaginar que há um redirecionamento da energia psíquica na medida em que a ferida que arde transforma-se no alimento que nutre. Desse modo, pode-se pensar em uma transformação criativa, que permite ao ego transcender a condição densa e contida do sofrimento do complexo e alcançar uma condição menos dolorosa e caracterizada por maior clareza e leveza, passível de ser vista em várias dimensões, assim como o milho que, ao se converter em pipoca, aumenta de volume e muda de forma.
O mito Oneida nos mostra que a pipoca é um elemento intermediário, que possibilita a realização de uma troca entre o irmão bom e o irmão mau. A perspectiva simbólica permite considerar que, nesse caso, a pipoca é utilizada na mediação de uma díade de opostos, propiciando certa interação entre as polaridades que se apresentam, o que pode levar à assimilação, pela personalidade, de aspectos sombrios e até então inconscientes.
Ao lançar olhar simbólico ao experimento da pipoca como agente descontaminante, é possível pensar na pipoca como metáfora de um filtro, capaz de retirar ao menos uma parte de tudo aquilo que suja, contamina e polui a consciência. Essa mesma ideia de depuração pode ser observada no processo alquímico da albedo, que tem a finalidade de separar as substâncias voláteis daquela que é essencial.
Assim, ao surgir nas cenas de sandplay, a pipoca sugere simbolicamente que a psique constela a possibilidade de limpeza e purificação.
É possível pensar que diante de um estouro afetivo, configura-se um estado psíquico que mostra o avesso por meio de uma inversão. A reflexão a respeito dessa inversão propicia ao indivíduo uma nova perspectiva, um estado psíquico mais amplo que difere da estreiteza do complexo.
Diante de horizontes mais amplos, a perspectiva da dor e da ferida ganha outra proporção. O avesso não corresponde mais à tradução direta da ferida e do sofrimento e não se mantém escondido. Pode vir à luz e expandir sua forma, ganhando certa leveza e sutileza. O avesso que se revela na pipoca é branco e leve, sugerindo metaforicamente que, após a vivência do estouro da inversão, tudo se tornará mais claro. Ao tornar-se um alimento, a pipoca consegue ser assimilada e integrada à consciência.
Para finalizar, diante das diversas compilações apresentadas sobre a pipoca, que foram compreendidas à luz da psicologia analítica, pode-se inferir que a pipoca, ao surgir em uma cena no processo de sandplay, aponte para uma disposição psíquica de lidar com o avesso. Assim, a ferida que aprisiona o indivíduo no ciclo vicioso denso do complexo pode ser preciosamente transformada em possibilidade criativa leve e sutil.
Em tempo
Caso esse texto tenha despertado no terapeuta de sandplay o desejo de contar com pipocas em sua coleção de miniaturas, sugerimos o seguinte procedimento: estoure os grãos de milho sem gordura; misture duas partes de cola branca e uma de água; depois que a pipoca esfriar, use essa mistura para envolver os grãos estourados. Sugerimos uma segunda demão. Desse modo, a pipoca não irá esfarelar facilmente quando utilizada para compor os cenários.
Referências
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